A História do Primeiro Site da Internet
Você está lendo este artigo na internet que, atualmente, abriga cerca de 1,9 bilhão de sites. Isso mesmo, bilhão, com “B”. Curiosamente, porém, não faz tanto tempo assim desde que a internet teve o seu primeiro, único e solitário site Ele foi o primeiro site a ser criado, lançado em 6 de agosto de 1991.
Pode até ter sido um site simples, todo construído por um único bloco de HTML e com informações sobre o projeto World Wide Web (o tão conhecido WWW), mas ele foi a sementinha que trouxe todos os sites que rapidamente tomariam conta do cenário digital nas próximas três décadas. Estamos muito emocionados de compartilhar com você a história do primeiro site da internet.
O Projeto World Wide Web
Os cyberpunks podem ter suas fantasias de que a internet seja um espaço totalmente descentralizado, peer-to-peer (um sistema mais igualitário de comunicação) e não-hierárquico, mas o fato é que graças a um determinado governo, o projeto World Wide Web foi criado. Mais precisamente, foi graças à colaboração de vários governos europeus na Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN).
O Projeto World Wide Web (WWW) na CERN foi orientado pelo cientista da computação britânico, Tim Berners-Lee. Ele tentava resolver um problema de compartilhamento de informações, dados e recursos entre diferentes dispositivos em várias localizações.
Berners-Lee então propôs uma solução que usou hipertexto para conectar (ou “linkar”) documentos armazenados em diferentes computadores, desde que as duas máquinas estivessem conectadas a uma nova rede, a tal da Internet. Embora o seu objetivo inicial tenha sido rejeitado, sua segunda tentativa recebeu o apoio dos seus gerentes e entrou em fase de produção.
Para tirar a sua ideia do papel, Berners-Lee precisou primeiro desenvolver uma Linguagem de Marcação de Hipertexto (ou HTML, a linguagem usada para desenvolver as páginas de sites), Protocolo de Transferência de Hipertexto (ou HTTP, o protocolo usado para buscar arquivos HTML) e Localizadores Uniforme de Recursos (ou URLs, os endereços usados para acessar um site).
Mais de 30 anos depois, o HTML, o HTTP, e os URLs continuam sendo a base da internet que usamos hoje.
Qual foi o Primeiro Site da Internet?
Mas mesmo com um milhão de possibilidades de nomes de domínio disponíveis (literalmente, porque não existia nenhum site à época), Berner-Lee escolheu lançar o primeiro site do mundo em um endereço facilmente esquecível e, convenhamos, um bocado complicado de lembrar: info.cern.ch. Embora esse domínio agora seja a “casa” de informações sobre o primeiro site já inventado, outras versões desse site ainda estão disponíveis para serem visualizadas.
Uma pessoa de 1991, quando fosse acessar o endereço do site, veria uma versão do site em uma versão incrivelmente retrô do site:
Como a tela com letrinhas verdes em um fundo preto, típica do início dos anos 90, iria deixar muitos internautas modernos confusos, a CERN atualizou a versão do site para uma que melhor se adequasse aos navegadores de hoje:
Mas o que tinha, exatamente, no primeiro site do mundo? Bem, como o site pretendia ser o ponto de partida para uma enorme rede de sites interconectados — ou seja, a internet como conhecemos hoje —, o primeiro site continha informações sobre a criação de outros sites.
Ele fornecia materiais para desenvolvedores entenderem melhor o conceito de HTML, HTTP e URL, e explicava como os hyperlinks poderiam ser usados para vincular (ou linkar) conteúdos.
Não havia anúncios, nem imagens, nada para vender, nada para distrair você. Tudo o que Berners-Lee queria era inspirar outras pessoas a usarem a tecnologia que ele desenvolveu para criar espaços digitais e se tornarem mais interconectados. Seu único “botão CTA” (call-to-action, ou chamado para ação) era o de aprender e criar.
O Crescimento da Internet e a Perda do Primeiro Site
Berners-Lee lançou seu primeiro site em meados de 1991, e em 1992, houve um aumento de 1.000% no número de sites. Isto é, em 1992, havia dez sites publicados.
Em 1994, o projeto World Wide Web realmente ganhou um impulso, com mais de 3.000 sites online na internet. Nesse momento, era possível listar todos os sites em listas de diretórios publicados, como uma lista telefônica.
Mas os diretórios físicos se tornaram obsoletos e nada práticos poucos anos depois. Em 1996, mais de 2 milhões de foram publicados. Neste mesmo ano, o Google foi lançado, como uma forma de ajudar o crescente número de usuários a encontrarem o que buscam na internet.
É aqui que devemos esclarecer algumas coisas: o print do “primeiro site” que apresentamos acima não é do site original, criado por Berners-Lee. Em meio à toda animação envolvendo o sucesso e o crescimento do projeto, o primeiro site foi “extinto” da internet.
Só temos o exemplo acima graças ao trabalho dos historiadores da internet, que, em 2013, lançaram um projeto para recuperar o primeiro site da história. Felizmente, descobriu-se que o próprio Berners-Lee havia feito uma cópia de todo o seu site original em um disquete, que, mais tarde, foi rastreado e usado para republicar o site.
Agora ele existe como uma espécie de exposição online que qualquer pessoa pode visitar e conhecer o passado digital.
Steve Jobs Ajudou a Criar o World Wide Web
Tá bom, vai. Esse último subtítulo pode até ser um pouco mentiroso, já que o Steve Jobs nunca trabalhou na CERN, muito menos no Projeto WWW. Mas, o criador da Apple, de fato, teve uma pequena parcela de contribuição para o sucesso do projeto.
Isso porque o computador usado por Berners-Lee para criar e hospedagem o primeiro site da internet foi um computador NeXT, projetado por Steve Jobs.
Embora seja surpreendente ver um nome tão conhecido aparecer nesta história, é importante lembrar que a primeira comunidade de computação era relativamente pequena.
Hoje em dia, todos nós passamos boa parte de nossas vidas conectados, mas quando o primeiro site foi lançado, os internautas formavam um clube pequeno, mas muito unido. Berners-Lee e seus contemporâneos idealizaram um futuro inimaginável para a maioria de sua época, que hoje é a realidade de todos nós. E o futuro.