O que é rede social descentralizada?

Uma rede social descentralizada opera em servidores independentes ao redor do mundo, em vez de ser controlada por uma única empresa ou governo. Como alternativas às redes tradicionais, como Facebook e X, essas plataformas oferecem mais controle, privacidade e liberdade de expressão aos usuários.

No entanto, é importante lembrar que, embora as redes sociais descentralizadas tenham benefícios, também existem desvantagens.

Neste tutorial, vamos apresentar plataformas de mídia social descentralizadas famosas como Mastodon, Steemit e diaspora* para demonstrar as diferenças básicas entre elas e as redes sociais tradicionais.

Como as redes sociais descentralizadas funcionam

As redes sociais descentralizadas usam a tecnologia blockchain, que garante interações de dados seguras e rastreáveis. Depois que os dados são adicionados à rede, eles não podem ser alterados, o que impede qualquer tipo de adulteração.

Além disso, essas redes permitem que os usuários de mídias sociais se conectem entre diferentes plataformas. Funciona como uma federação de plataformas, conhecida como fediverso.

Importante! O fediverso é um conjunto de protocolos, aplicativos e instâncias descentralizadas que permite a interação entre redes independentes.

Diferente das redes sociais tradicionais, que usam bancos de dados centralizados, essas redes descentralizadas funcionam com tecnologia peer-to-peer (P2P). Isso cria uma vasta rede de nodes, operando de forma independente em várias partes do mundo, garantindo que o serviço continue funcionando sem interrupções. Além disso, como não há uma autoridade central, os usuários não podem ser banidos ou limitados de forma arbitrária, promovendo um ambiente mais resistente à censura.

Prós e contras de usar uma rede social descentralizada

Os benefícios das redes sociais descentralizadas podem parecer bem atraentes à primeira vista, mas é bom estar ciente de alguns desafios. Aqui está o que você precisa saber antes de decidir usar uma plataforma desse tipo.

Vantagens das redes descentralizadas

  • Controle do usuário: uma rede social descentralizada funciona em servidores independentes, em vez de servidores centralizados que pertencem a empresas. Os usuários têm mais controle e autonomia para configurar sua própria rede social e determinar suas regras, incluindo quais conteúdos e comportamentos são aceitáveis.
    Você pode usar uma Hospedagem VPS para configurar e gerenciar seu próprio servidor para hospedar conteúdo de maneira descentralizada. Nós ajudamos a simplificar a gestão de protocolos como o Sistema de Arquivos Interplanetário (IPFS) que possibilita a distribuição de conteúdo. Com um servidor VPS da Hostinger, você garante a segurança das suas plataformas com firewalls integrados, acesso SSH e outras medidas de segurança.
  • Privacidade e segurança: as redes sociais descentralizadas funcionam em sistemas distribuídos, normalmente espalhados por várias regiões geográficas Esse sistema de servidores interconectados garante que a rede permaneça robusta e confiável. Além disso, os processos criptografados que eles utilizam ajudam a resolver preocupações com a integridade dos dados e a venda de informações dos usuários.
  • Sem censura: as redes sociais descentralizadas são mais resistentes à censura porque não são controladas por uma única entidade. Cada administrador de rede modera o conteúdo de forma independente, o que ajuda a promover a liberdade de expressão e evitar o controle autoritário. 
  • Oportunidade de ganhar dinheiro: as redes sociais descentralizadas trazem novas formas de monetização para os usuários, e não só para os donos da plataforma, como acontece nas redes sociais tradicionais. Os usuários podem ganhar criptomoedas criando conteúdo, avaliando postagens existentes ou interagindo com suas comunidades. Eles têm a chance de explorar maneiras inovadoras de lucrar com suas redes sociais, sem depender de patrocínios ou anúncios.

Desvantagens das redes descentralizadas

  • Curva de aprendizado: usar uma rede social descentralizada pode ser mais complexo para usuários que estão acostumados com plataformas tradicionais. Configurar e gerenciar redes descentralizadas geralmente requer algum conhecimento técnico e os usuários precisam entender conceitos como blockchain, nodes e administração de servidores antes de começar.
  • Desafios no crescimento: redes descentralizadas enfrentam dificuldades com a escalabilidade. À medida que mais pessoas se juntam, manter o desempenho dos servidores passa a depender dos indivíduos que gerenciam a rede. Com o aumento do número de usuários, a tomada de decisões fica mais lenta, e distribuir dados entre muitos servidores pode gerar problemas de latência e sincronização. 
  • Experiência de usuário confusa: cada plataforma de mídia social descentralizada tem suas próprias regras, recursos e interfaces. Essa falta de padronização pode acabar afastando novos usuários. Diferente das redes centralizadas, que costumam seguir designs mais familiares, as plataformas descentralizadas muitas vezes trazem interfaces menos conhecidas e podem até sobrecarregar o usuário com um excesso de opções avançadas de personalização.
  • Interesse do usuário: muita gente ainda sabe pouco sobre redes sociais descentralizadas, ou até nem faz ideia de que elas existem. Por isso, o número de usuários é bem menor em comparação a plataformas gigantes, como o Facebook e o X. Além disso, os benefícios das redes descentralizadas podem não ser tão fáceis de entender e não têm a praticidade das redes sociais tradicionais e centralizadas.

Comparando as redes sociais centralizadas e descentralizadas

Vamos comparar as redes sociais centralizadas e descentralizadas para entender melhor as principais diferenças entre elas.

Redes centralizadasRedes descentralizadas
Propriedade e controle de dados
Uma autoridade central, como o proprietário da plataforma ou a empresa, controla os dados do usuário. Os usuários têm propriedade e controle limitados sobre suas informações pessoais.O controle de dados é distribuído entre os usuários. Cada participante tem mais controle sobre seus dados, que são armazenados em seus dispositivos ou na própria rede.
Moderação de conteúdo
O proprietário da plataforma ou uma equipe gerenciada pela empresa cuida da moderação de conteúdo. As decisões sobre qual conteúdo é permitido ou removido são tomadas de forma central.As comunidades se moderam, a tomada de decisões é democrática e as diretrizes de conteúdo são normalmente definidas por consenso. Isso pode levar a perspectivas mais diversas, mas também pode resultar em padrões tendenciosos.
Modelos de receita
Plataformas centralizadas dependem de publicidade, monetização de dados e recursos premium. Os usuários geralmente não se beneficiam dos lucros da plataforma.Algumas redes sociais descentralizadas usam criptomoedas, ou mecanismos similares, para recompensar os usuários por suas contribuições. A monetização geralmente é mais transparente, e os usuários podem se beneficiar do seu engajamento.
Experiência do usuário
As redes sociais tradicionais oferecem uma experiência mais sofisticada e fácil de usar. Elas focam na simplicidade, design consistente e recursos conhecidos que funcionam de forma semelhante em várias plataformas.A experiência do usuário não é consistente. Algumas plataformas descentralizadas priorizam a privacidade e a autonomia, deixando a interface intuitiva em segundo plano. Em vez disso, a maioria das plataformas foca em criar comunidades e em dar mais controle aos usuários.

No geral, redes centralizadas priorizam conteúdo pré-selecionado, estabilidade e conveniência, enquanto redes descentralizadas proporcionam liberdade ao usuário, privacidade e comunidades que se autogerenciam. Cada abordagem tem seus prós e contras, então vai depender das suas preferências e prioridades.

Exemplos de redes sociais descentralizadas

Selecionamos alguns exemplos conhecidos de redes sociais descentralizadas que oferecem alternativas a plataformas centralizadas como YouTube, Reddit, X, Facebook, Medium ou Substack.

Mastodon

O Mastodon é uma plataforma de microblogging de código aberto, vista como uma alternativa ao X. Diferente do modelo centralizado do X, o Mastodon é composto por servidores independentes, administrados pelos próprios usuários.

Cada pessoa se inscreve em um servidor específico, mas pode interagir livremente com outros servidores na rede. Em vez de postar, os usuários tootam e podem escrever até 500 caracteres. O Mastodon permite que você marque outros usuários, compartilhe mídias e siga contas. O recurso de boost funciona como um retuíte, permitindo que você compartilhe conteúdo por toda a rede. 

O Mastodon faz parte do fediverso, onde as pessoas publicam, reblogam e interagem com outros usuários em diferentes plataformas de redes sociais. 

Uma captura de tela do feed do Mastodon, uma rede social descentralizada, mostrando uma postagem com botões de ação abaixo.

diaspora*

O diaspora* é uma rede descentralizada e sem fins lucrativos, composta por servidores independentes, chamados de pods, que formam uma plataforma de mídia social. Em vez de depender de grandes servidores centrais de uma única organização, o diaspora* funciona com pequenos pods espalhados pelo mundo.

Os usuários não pagam nada para utilizar e têm controle total sobre como interagem com a plataforma. Eles escolhem um pod para se registrar e, a partir daí, se conectam com a comunidade global do diaspora*. Diferente de algumas redes sociais, os usuários não precisam usar sua identidade real.

O diaspora* também garante que a pessoa seja dona dos seus próprios dados, permitindo que escolha quem pode ver seu conteúdo, enquanto mantém suas interações e posts mais privados.

Uma captura de tela mostrando resultados de pesquisa para a tag #community no diaspora*.

Steemit

O Steemit é uma rede social que funciona com tecnologia blockchain e recompensa os usuários com criptomoedas por criarem e compartilharem conteúdo. Lançado em 2016, o Steemit usa o blockchain Steem para oferecer uma plataforma descentralizada, onde as pessoas podem ganhar tokens, como STEEM, Steem Dollars (SBD) e Steem Power (SP), através das suas interações no site.

Embora o Steemit seja o principal aplicativo da plataforma Steem, os usuários também têm acesso a outros aplicativos. Além disso, as transferências gratuitas de criptomoedas e a alta capacidade de processamento da Steem atraem desenvolvedores para criar plataformas de troca descentralizadas (DEX), aplicativos descentralizados (dApps) para jogos de azar, jogos baseados em blockchain, financiamento coletivo descentralizado e muito mais.

Uma captura de tela mostrando um resumo de uma publicação no Steemit com uma resposta, botões de ação e o sistema de recompensa em moeda para interações.

Outras plataformas

Existem muitas outras plataformas de mídia social descentralizadas que ganharam popularidade.

  • O Bluesky, por exemplo, é uma rede social descentralizada e de código aberto criada por Jack Dorsey, que é o fundador do X. A interface é bem parecida com a do X, mas lá os usuários têm mais liberdade, com opções de algoritmos, um design federado e uma moderação que vem da própria comunidade.
  • Já o Odysee é uma plataforma de vídeos que funciona em blockchain e foca na propriedade dos criadores, oferecendo recompensas em criptomoedas pelas contribuições que eles fazem.
  • O Minds é uma rede social aberta e descentralizada onde as pessoas também podem ganhar criptomoedas com suas atividades. Elas podem usar tokens para impulsionar postagens ou até financiar outros usuários. A ideia do Minds é evitar que os dados dos usuários sejam vendidos para marketing e publicidade.
  • Há também o Gab , que é uma plataforma no estilo X e se posiciona como uma rede de liberdade de expressão.
  • Por fim, o DTube é uma alternativa descentralizada ao YouTube, onde os criadores de conteúdo têm a propriedade e o controle sobre o que produzem.

Conclusão

Está cada vez mais difícil garantir privacidade e controle sobre informações pessoais.

As redes sociais descentralizadas aparecem como uma solução, prometendo ajudar os usuários a manter seus hábitos online de forma mais segura. Elas funcionam em servidores independentes, o que dá mais controle sobre os dados e o conteúdo. Além disso, usam tecnologia blockchain para melhorar a privacidade e a segurança, diminuindo o risco de vazamentos de dados.

No entanto, essas redes também enfrentam alguns desafios. Para configurar suas próprias instâncias de aplicativos descentralizados, os usuários precisam ter algumas habilidades técnicas. Como essas plataformas costumam usar criptomoedas, isso pode ser complicado para quem não está familiarizado com o assunto. Os designs são muitas vezes inconsistentes e não muito polidos, o que pode tornar a experiência frustrante para novos usuários.

Se você tiver mais perguntas, dê uma olhada na seção de Perguntas Frequentes ou deixe um comentário abaixo.

Perguntas frequentes (FAQ) sobre rede social descentralizada

Nesta seção, vamos abordar as perguntas mais frequentes sobre plataformas de mídia social descentralizadas.

Existe alguma rede social descentralizada que está fazendo sucesso?

Plataformas como a Odysee, que já tem mais de 5 milhões de visitantes únicos por mês, estão ganhando cada vez mais popularidade como alternativas às redes sociais tradicionais, conquistando a opinião pública. Já o Steemit, que é um fórum de compartilhamento de conteúdo, atrai mais de 3 milhões de visitantes. O Gab é bem conhecido por promover a liberdade de expressão, enquanto o Mastodon permite que os usuários criem seus próprios conteúdos em instâncias descentralizadas.

Como as redes sociais descentralizadas protegem a privacidade do usuário?

As mídias sociais descentralizadas usam criptografia para melhorar a segurança e a privacidade. Ao distribuir os dados do usuário em uma rede de servidores descentralizados, essas plataformas reduzem o risco de violações de dados e acesso não autorizado. Os usuários permanecem no controle de suas informações pessoais, sem vigilância e rastreamento para anúncios direcionados.

Qualquer um pode criar ou contribuir com uma rede social descentralizada?

Redes sociais descentralizadas envolvem usuários de várias maneiras. Qualquer um pode entrar, criar conteúdo e engajar com outros usuários. Quem sabe programar pode aprimorar plataformas que já existem ou até criar novas. Os operadores ficam responsáveis por gerenciar os servidores e garantir que a rede esteja sempre funcionando bem. Já os líderes das comunidades ajudam a espalhar a conscientização sobre plataformas descentralizadas, o que é fundamental para o sucesso delas.

As redes sociais descentralizadas possuem as mesmas características que as redes sociais tradicionais?

As plataformas de mídia social descentralizadas têm algumas semelhanças com as tradicionais, como perfis, compartilhamento de conteúdo e interações. No entanto, elas colocam a privacidade, o controle do usuário e a resistência à censura em primeiro lugar. Além disso, a monetização costuma ser feita por meio de recompensas em criptomoedas.

Author
O autor

Ana Guimarães

Formada em Tradução e Interpretação pela Universidade São Judas Tadeu, deu seus primeiros passos na carreira como estagiária na Livraria Cultura, no coração de São Paulo, há mais de uma década. Desde então, não parou mais. Atualmente, trabalha como tradutora e copywriter na Hostinger, combinando seus conhecimentos técnicos com criatividade para oferecer conteúdo de qualidade. Adora estudar e está sempre em busca de aprender coisas novas, acreditando firmemente que não existe cultura inútil. Nos seus momentos livres, gosta de ter tempo de qualidade com seu marido e sua filha, além de se dedicar à ilustração, uma paixão que cultiva desde a infância.