CO2 invisível: como os sites contribuem para um impacto ambiental pouco conhecido

À medida que a sociedade busca soluções mais ecológicas em todas as áreas, a sustentabilidade tem se tornado um assunto cada vez mais em alta em todos os nichos e indústrias. Desde a produção de alimentos até a moda e a construção civil, as empresas estão repensando suas práticas para reduzir seu impacto ambiental e atender às novas expectativas dos consumidores.

No entanto, uma indústria gigantesca muitas vezes escapa da atenção do público no universo da ecologia: a internet. Embora a maioria dos usuários presuma que as operações digitais são, por padrão, mais ecologicamente corretas, a realidade é bem diferente. Colocando em números: você sabia que, toda vez que você abre um site, ele produz em média 6,8g de CO2? Isso equivale, mais ou menos, ao mesmo que ferver uma xícara de água.

Neste Relatório de Ecologia na Web, vamos explorar o impacto do mundo digital no uso de energia e nas emissões de carbono. Também vamos analisar os resultados da pesquisa que fizemos com 1.000 usuários de internet nos Estados Unidos — e que trará dados interessantes sobre a consciência do público acerca dessa questão frequentemente negligenciada.  

Esperamos que os resultados da pesquisa e nossos insights inspirem você a ser mais consciente sobre o uso internet e a reduzir seu impacto ambiental.

Conteúdo

O custo ambiental de nossas vidas digitais: estatísticas surpreendentes

A comunicação online faz parte da nossa rotina diária, seja recebendo GIFs engraçados, enviando e-mails de agradecimento ou compartilhando momentos nas redes sociais. Essas ações são tão corriqueiras que raramente paramos para considerar seu impacto ambiental.

Se você adicionar a essa conta elementos como streaming de séries e filmes, participação em reuniões virtuais e videogames online, talvez não seja tão surpreendente saber que data centers já representam quase 3% do consumo global de energia. Embora esse número possa parecer pequeno, ele está próximo ao da indústria aérea. Outra estatística impressionante: a internet consome mais eletricidade do que todo o Reino Unido. 

Mas os data centers representam apenas uma parte do sistema. Também precisamos levar em conta:

  • A infraestrutura física, como cabos e servidores.
  • Dispositivos de consumo, incluindo celulares, laptops e smartwatches.
  • Redes, tanto com fio quanto sem fio.
  • Soluções de TIC, que suportam serviços digitais e aplicações.

À medida que o uso desses dispositivos cresce — e novas categorias continuam a surgir —, seu impacto ambiental tende apenas a aumentar. Mais precisamente, alguns especialistas preveem que a internet poderá ser responsável por até 5,5% das emissões globais de carbono até 2030.

Rūta Grigaliūnaitė, Gerente de Sustentabilidade na Hostinger, aponta que “embora a indústria de TI tenha avançado em práticas de sustentabilidade, ela ainda carece de práticas, métricas e programas de sustentabilidade abrangentes e adotados em larga escala. Ainda que alguns objetivos comuns — como aumentar o uso de energia renovável e reduzir as emissões de gases poluentes — sejam amplamente aceitos, outras metas representam desafios mais complexos e exigem colaboração mais profunda, como a contagem precisa das emissões de gases de efeito estufa (GEE) relacionadas a cada cliente, sem contagem dupla. Para nós, isso representa uma clara oportunidade de causar um impacto significativo – e a hora de começar é agora.”

Já temos exemplos positivos de empresas pioneiras nesse campo: o Google pretende funcionar 100% com energia renovável até 2030, enquanto a Amazon colocou como meta o atingir esse objetivo até 2025. Para usuários individuais e pequenas empresas, o passo mais importante é começar escolhendo uma empresa de hospedagem ecoloógica para seus sites. Dessa forma, até mesmo pequenos sites podem funcionar com recursos renováveis e produzir pouca ou nenhuma emissão de gases de efeito estufa. 

Mas antes que possamos fazer uma mudança significativa, a conscientização é essencial — em outras palavras, as pessoas não podem lidar com um problema que não sabem que existe. Para ajudar a preencher essa lacuna, realizamos uma pesquisa com 1.000 participantes para avaliar o grau de conscientização deles sobre questões ambientais relacionadas à internet.

Conscientização sobre o impacto ambiental dos sites: destaques da nossa pesquisa

Nossa pesquisa sobre a web sustentável colheu respostas de 1.000 pessoas ao redor dos EUA. Para manter a objetividade, metade das pessoas pesquisadas (50%) são profissionais da área (proprietários e gerentes de sites), enquanto os outros 50% representam usuários comuns da internet.

Também nos certificamos de formar uma amostra diversificada, com idades entre 18 e 56 anos, diferentes níveis de escolaridade – desde ensino médio completo até pós-graduação – e ocupações, incluindo donos de negócios, profissionais de marketing, desenvolvedores web, designers e estudantes.

Confira as informações completas no final deste artigo — agora, sem mais delongas, vamos mergulhar nos resultados.

Sim, sites deixam uma pegada de carbono, e 84,6% dos usuários de internet ainda não sabem disso.

A situação entre os profissionais da web é igualmente — se não mais — preocupante. Mais da metade (63%) dos proprietários de sites não sabiam que seus próprios sites contribuem para a poluição ambiental, destacando uma lacuna significativa de conscientização até mesmo entre os profissionais do setor.

Esse é um número que chama atenção, pois uma pesquisa da PwC revelou que cerca de 80% dos consumidores estão dispostos a pagar mais por marcas que oferecem produtos sustentáveis. Isso sugere que muitos clientes que valorizam a sustentabilidade podem nem mesmo perceber que estão contribuindo para as emissões globais de CO2, ou que poderiam priorizar negócios com sites bem otimizados hospedados por provedores ecológicos.

Do lado positivo, 38,2% dos profissionais de sites consideram o impacto ambiental dos sites um aspecto muito importante. Em contraste, muitos usuários comuns (34,6%) permanecem neutros sobre essa questão, destacando a desconexão entre a conscientização e as prioridades individuais.

Data centers: número 1 na percepção de impacto de carbono

Tanto internautas comuns quanto profissionais da web concordam que os data center são os principais contribuintes para as emissões de carbono no mundo digital. De maneira geral, isso é verdade, mas o consumo real de eletricidade de um data center depende significativamente dos tipos de sites que ele hospeda.

Páginas com muito tráfego e sites mal otimizados podem consumir muito mais energia do que alternativas mais otimizadas e sustentáveis, o que aumenta seu impacto ambiental.

Seguindo os data centers, ambos os grupos apontaram as plataformas de redes sociais, como Facebook e Instagram, bem como serviços de streaming como a Netflix, como contribuintes significativos para as emissões de carbono. Essas plataformas, conhecidas por suas enormes bases de usuários e transmissão contínua de conteúdo, exigem uma infraestrutura de servidor gigantesca, enfatizando ainda mais a necessidade de soluções web otimizadas e sustentáveis.

Energia do servidor versus complexidade do site: o que as pessoas acham que gera o maior impacto de carbono

Quando se trata de emissões de carbono de sites, 44% dos internautas comuns e 55,2% dos profissionais de sites acreditam que o consumo de energia dos data centers tem o impacto mais significativo. Isso se alinha com a percepção comum de que os servidores que alimentam sites e plataformas são os principais culpados pelas pegadas digitais de carbono.

Outros fatores identificados incluem o consumo de energia pelos dispositivos dos usuários, citado por 30,6% dos usuários comuns e 22,8% dos profissionais de sites, e as transferências de dados, citadas por 18% dos usuários comuns e 14% dos profissionais de sites.

Curiosamente, ambos os grupos apontam a complexidade do site como tendo um impacto insignificante: apenas 7% dos usuários comuns e 8% dos profissionais de sites atribuem as emissões a este fator. Isso indica que os profissionais de sites podem subestimar o papel da complexidade de um site no uso de recursos, enquanto os usuários comuns não veem sites complexos como problemas. Essa falta de consciência pode levar a oportunidades perdidas — isto é, os desenvolvedores podem não estar otimizando os sites tanto quanto poderiam.

Um ponto cego: 73% dos profissionais da web nunca mediram a pegada de carbono dos seus site

A percepção generalizada de que a complexidade do site não tem grande impacto nas emissões de carbono pode explicar por que quase ¾ dos profissionais da web nunca mediram o impacto de carbono dos seus sites. Essa falta de consciência destaca uma lacuna significativa na compreensão de como o web design e boas práticas de otimização podem influenciar a sustentabilidade ambiental.

Dos poucos desenvolvedores que mediram o impacto de carbono dos seus sites, apenas 13,2% fizeram isso no último ano; uma faixa ainda menor fez essa medição nos últimos seis meses (8,6%) ou mais de um ano atrás (5,2%).

Esses números revelam que, enquanto alguns profissionais estão começando a priorizar a sustentabilidade, a maioria não presta muita atenção ao impacto ambiental de seus projetos digitais. Isso destaca a necessidade de uma melhor conscientização e ferramentas acessíveis para tornar a medição do impacto de carbono uma prática padrão no desenvolvimento web.

Website Carbon Calculator: 24,6% dos profissionais já estão usando a ferramenta

Entre os profissionais da web que medem a pegada de carbono dos seus sites, o Website Carbon Calculator se destaca como a ferramenta mais popular, utilizada por 24,6% dos entrevistados. A acessibilidade desta ferramenta e a interface amigável ao usuário a tornam uma escolha popular para avaliar o impacto ambiental das páginas da web.

Outras ferramentas citadas incluem o GreenFrame (4,6%) e o GTmetrix (3,4%). Essas alternativas oferecem recursos adicionais para monitorar a eficiência energética e as emissões dos sites, mas sua menor adoção sugere a necessidade de maior conscientização e educação sobre a variedade de ferramentas disponíveis para promover práticas web sustentáveis.

Uma oportunidade perdida: 35,1% dos profissionais da web não lidam com o impacto ambiental dos seus projetos

Mais de um terço (35,1%) dos profissionais de sites ainda não tomaram nenhuma medida para reduzir a pegada de carbono de seus sites, destacando uma oportunidade significativa de melhoria.

Entre aqueles que tomaram uma atitude, cerca de 19% implementaram recursos de cache para minimizar a transferência de dados, enquanto quase 18% se concentraram em comprimir imagens. Além disso, cerca de 15% otimizaram seus sites minimizando o código JavaScript, mostrando que pequenas medidas direcionadas podem contribuir para práticas web mais sustentáveis.

Agora que conhecemos o nível geral de conscientização sobre os impactos de carbono da web, vamos falar sobre o papel da hospedagem sustentável neste processo de redução. Também vamos analisar como os usuários percebem esse conceito.

O papel da hospedagem sustentável: um caminho para os recursos renováveis

A hospedagem sustentável é construída com base em alguns fatores chave, mas o mais importante é que ela deve ser baseada em data centers alimentados por energia renovável. Isso reduz significativamente o impacto ambiental dos sites dos clientes.

Isso ocorre porque os data centers — responsáveis por fazer a hospedagem dos sites em si e alimentar toda a internet — estão entre os maiores consumidores de energia do mundo digital. A maior parte desse consumo é dedicado ao resfriamento dos servidores para evitar superaquecimento. Soluções inovadoras — como sistemas de resfriamento líquido e controle de temperatura alimentado por energia renovável — podem tornar os data centers mais ecologicamente corretos.

Para verificar se seu provedor de hospedagem é sustentável, você pode procurá-lo no Green Web Directory. Graças ao nosso compromisso com o meio ambiente e a energia renovável, a Hostinger tem muito orgulho de estar listada entre as empresas de hospedagem sustentável. Somente em 2023, fizemos a parcela de energia renovável que alimenta nossos data centers aumentar em 7%, subindo de 35% para 42%. Em outubro de 2024, esse número aumentou ainda mais, para 58%.

Rūta Grigaliūnaitė também destaca que “uma das principais iniciativas da Hostinger para os próximos anos é alcançar 100% de energia renovável até 2026. Esse objetivo inclui alcançar emissões zero de tCO₂e nos Escopos 1 e 2, bem como desenvolver um plano de redução do Escopo 3 alinhado com o Acordo de Paris. Para que nossos clientes escolham ainda mais facilmente data centers alimentados por energia renovável, a Hostinger destaca claramente as opções mais sustentáveis no hPanel.”

Agora, vamos explorar como os usuários percebem a importância da hospedagem sustentável:

Mudando para opções sustentáveis: 13% dos entrevistados fazem questão de escolher um provedor de hospedagem ecologicamente responsável.

O fato de 13% dos entrevistados já terem escolhido um provedor de hospedagem sustentável destaca a crescente importância das boas práticas ambientais na indústria. Isso indica que a hospedagem sustentável não é apenas uma preocupação de nicho — ela está se tornando, cada vez mais, uma vantagem competitiva. Em outros números, provedores de hospedagem correm o risco de perder quase 15% do mercado caso negligenciem a sustentabilidade nas suas operações.

46,2% dos profissionais da web estão procurando por provedores de hospedagem sustentáveis.

Quase metade dos profissionais de sites estão considerando fazer a troca para um provedor de hospedagem ecologicamente responsável, sinalizando uma tendência positiva em prol da sustentabilidade na indústria de hospedagem. Isso sugere que a porcentagem de usuários que optam por soluções de hospedagem sustentável provavelmente aumentará em um futuro próximo.

No entanto, 39,2% dos profissionais de sites ainda não mudaram ou sequer consideraram mudar para um provedor ecologicamente responsável, indicando que ainda há uma lacuna significativa na conscientização e na motivação para priorizar soluções de hospedagem sustentáveis.

Conscientização e custo são as principais barreiras para reduzir o impacto de carbono dos sites

Quando se fala em tornar os sites mais ecológicos, 34,43% dos profissionais de sites citam a falta de conscientização como a principal barreira. Logo atrás, 33,37% apontam o custo como o maior fator impeditivo, destacando a percepção de que soluções sustentáveis podem ser mais custosas.

Além disso, 1 em cada 5 entrevistados aponta a falta de habilidades técnicas como um obstáculo significativo, enfatizando a necessidade de ferramentas acessíveis e recursos educacionais para promover práticas web mais sustentáveis.

Você sabia? 4 em cada 5 profissionais de sites ainda não conhecem a hospedagem sustentável.

Entre os profissionais da web, impressionantes 68,8% nunca tinham ouvido falar sobre o conceito de hospedagem sustentável antes de participar da pesquisa. Isso destaca uma grande lacuna no grau de conscientização sobre este universo, até mesmo entre profissionais. Portanto, ainda que adotar soluções de hospedagem ecologicamente corretas seja um fator vital para a sustentabilidade, essa ainda não é uma estratégia comprovada para atrair mais tráfego para sites.

Quase 1 em cada 3 usuários da web estão dispostos a apoiar empresas com práticas ambientais fortes.

Aumentar a conscientização é crucial para empresas de hospedagem sustentável, pois 28% dos usuários da internet dizem que definitivamente apoiariam negócios com boas práticas ambientais. Além disso, um grupo ainda maior — 32,8% — indica que provavelmente apoiaria tais empresas, destacando o potencial para negócios ecologicamente corretos ganharem um apoio significativo dos consumidores.

A mudança verde: 35,4% dos compradores tendem a comprar de sites sustentáveis

Seguindo nossa pesquisa, um terço dos usuários — muitos dos quais não estavam familiarizados com a hospedagem sustentável antes — expressaram que estariam mais propensos a fazer compras de sites sustentáveis. Isso destaca uma oportunidade significativa para aumentar a conscientização e aproveitar a crescente preferência do consumidor por negócios ecológicos.

Estratégias para reduzir a pegada de carbono digital: o que você pode fazer

Se você só ouviu falar sobre hospedagem sustentável hoje, aqui estão algumas estratégias poderosas, porém fáceis de implementar, para tornar seu site mais ecológic:

  • Implemente cache – o servidor armazenará os dados do seu site e os carregará mais rapidamente. Como resultado, o cache reduz a carga do servidor e a largura de banda, ajudando você a economizar energia. Nós fizemos vários testes com o plugin de cache LiteSpeed, melhorando significativamente o desempenho dos sites que hospedamos.
  • Compacte imagens – quanto menos pesadas forem suas imagens, mais rápido elas carregarão, usando menos energia. Digite o URL do seu site na ferramenta Tinify Analyzer para descobrir quanto você pode economizar comprimindo suas imagens.
  • Minimize seus códigos JavaScript – certifique-se de que o código do seu site não contém elementos desnecessários para que ele possa carregar mais rápido. Use o GTMetrix antes e depois de fazer uma alteração para ver o impacto real das mudanças.  
  • Use uma CDNnossa pesquisa com 10.000 sites revelou que ativar uma CDN (rede de distribuição de conteúdo) pode acelerar seu site em 40%. Em outras palavras, usar uma CDN pode reduzir bastante a carga de trabalho do seu servidor.

Desenhando o futuro do Movimento da Web Sustentável

Nossa pesquisa mostra uma lacuna significativa de conscientização sobre a sustentabilidade digital — isto é, muitos usuários ainda não fazem ideia sobre o impacto ambiental dos sites e como mudar isso.

Com a tendência da sustentabilidade ganhando força, agora é o momento perfeito para agir. Escolha um provedor de hospedagem sustentável, certificando-se que seu data center funcione com energia renovável, e otimize seu site para reduzir a carga de trabalho do servidor. Se você não gerencia um site, uma boa ideia é apoiar negócios que optam por soluções de hospedagem ecológica — para isso, basta verificar onde seus sites favoritos são hospedados.

Ao tomar essas decisões, você não está apenas reduzindo as emissões de carbono do seu site ou dos sites que você acessa — você está contribuindo para um movimento global em direção a uma web mais verde e sustentável.

Pesquisa realizada nos dias 22 e 24 de outubro de 2024 pela Pollfish para a Hostinger, através de um questionário realizado entre 1.000 usuários da internet e profissionais de sites residentes dos Estados Unidos, entre 18 e 56 anos.

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O autor

Bruno Santana

Jornalista formado pela Universidade Federal da Bahia e Especialista em Marketing de Conteúdo na Hostinger, onde atuo na criação e otimização de artigos úteis, envolventes e criativos em áreas como desenvolvimento web e, marketing. Além disso, sou colaborador eventual do site MacMagazine e da editoria de cultura do Jornal A Tarde, fascinado por arte, culinária e tecnologia.